Plano de contigência para eventos climáticos extremos

Em meses marcados por calor exacerbado, chuvas fortes trazem prejuízos aos condomínios. É necessário reforçar medidas preventivas e agir com celeridade em tempestades

Chuva com volume extremo, alagamento, apagão na rede elétrica, queda de muros e árvores são retratos da imprevisibilidade climática que impacta os condomínios, especialmente nos últimos dois anos. É preciso mitigar os efeitos no patrimônio dos condôminos, ainda que algumas medidas pareçam pregar, inicialmente, o oposto, como aconteceu em um condomínio na Barra Funda, zona oeste da cidade. Com as fortes chuvas de 2024, a garagem ficou alagada três vezes, com o nível de água alcançando 1,5 m de altura. Durante o primeiro e repentino temporal, os sete elevadores sofreram avarias, um prejuízo de 270 mil reais! O síndico profissional Marcos Sanseverino recomendou uma comporta e os condôminos se mostraram temerosos com possível desvalorização patrimonial. Marcos optou por uma comporta discreta, no mesmo tom cinza de parte da fachada. A contenção fica oculta pela vegetação dos canteiros externos e só sai dali quando se anuncia a tempestade, para proteger a frente do edifício.

O síndico Marcos Sanseverino e a comporta que protege entrada de
condomínio na Barra Funda: sem alagamentos na garagem

O síndico conta que comporta deu certo, mas que é provisória. O condomínio de 25 andares e 280 unidades, ainda dentro da garantia da construtora, apresenta um erro construtivo na entrada da garagem, favorecendo a passagem da água de chuva. E mais: alterações no sistema de água e esgoto da vizinhança prejudicam a vazão adequada da água pluvial na rua, potencializando alagamentos. “Estamos em contato com a construtora e com a Sabesp, mas até que tudo seja resolvido não podemos ficar de braços cruzados. A comporta foi uma solução temporária, rápida e eficaz. Foi executada por uma serralheria de bairro, e custou em torno de 2 mil reais”, comenta o gestor.

SISTEMA DE DRENAGEM

A síndica profissional Ligia Ramos observa que muitas construções da cidade não estão preparadas para suportar condições advindas das mudanças climáticas, com chuvas torrenciais e tempestades inesperadas. “O volume de chuvas muitas vezes ultrapassa os limites previstos em projeto, tornando insuficientes os sistemas de drenagem originalmente dimensionados dentro das normas vigentes”, constata a síndica, e complementa: “Ralos, calhas e telhados que foram projetados para um regime pluviométrico considerado ‘normal’ acabam falhando quando submetidos a volumes excessivos de água em curtos períodos. Diante desse cenário, é essencial que normas e regulamentações sejam revisadas para atender às atuais necessidades. Enquanto isso não ocorre, precisamos adotar medidas preventivas”.

Uma das ações emergenciais é a remoção das grelhas dos ralos em áreas estratégicas durante períodos de chuvas intensas. “Isso evita que pequenos detritos obstruam o fluxo de água e causem alagamentos no condomínio. No entanto, essa medida deve ser acompanhada de um plano de manutenção rigoroso, com inspeções antes e depois das chuvas para a remoção de folhas, pedras e outros resíduos que possam comprometer a drenagem”, avisa Ligia.

A gestora enfatiza que os síndicos devem adotar práticas sustentáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger os moradores. “A preservação de áreas verdes e permeáveis dentro do condomínio contribui para a absorção da água da chuva e reduz o risco de alagamentos. O manejo adequado das árvores, com podas preventivas e tratamento contra pragas, evita quedas inesperadas durante tempestades”, pontua a síndica.

Ligia Ramos: “O manejo
adequado das árvores evita
quedas inesperadas durante
tempestades”

Uma das ações emergenciais é a remoção das grelhas dos ralos em áreas estratégicas durante períodos de chuvas intensas. “Isso evita que pequenos detritos obstruam o fluxo de água e causem alagamentos no condomínio. No entanto, essa medida deve ser acompanhada de um plano de manutenção rigoroso, com inspeções antes e depois das chuvas para a remoção de folhas, pedras e outros resíduos que possam comprometer a drenagem”, avisa Ligia.

A gestora enfatiza que os síndicos devem adotar práticas sustentáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger os moradores. “A preservação de áreas verdes e permeáveis dentro do condomínio contribui para a absorção da água da chuva e reduz o risco de alagamentos. O manejo adequado das árvores, com podas preventivas e tratamento contra pragas, evita quedas inesperadas durante tempestades”, pontua a síndica.

SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

O sistema elétrico é outro ponto crítico dos condomínios. “Fiações expostas e quadros elétricos sem vedação adequada podem ser severamente afetados por chuvas intensas, resultando em curtos-circuitos e riscos de incêndio. Além disso, equipamentos sensíveis devem ser protegidos contra descargas elétricas e desligados preventivamente em situações de risco”, orienta Lígia Ramos.

Em condomínios com geradores, ela lembra que nos casos de queda de energia, é fundamental avaliar a autonomia desses equipamentos. “Aos finais de semana e durante a madrugada, pode ser difícil encontrar fornecedores que realizem a entrega emergencial de óleo diesel, tornando essencial um planejamento prévio. O transporte desse combustível não pode ser feito de maneira improvisada por funcionários, devido ao risco de periculosidade. Por isso, é recomendável contar com fornecedores menores que possam atender a demandas emergenciais e investir em sistemas de monitoramento remoto para acompanhar o nível de diesel e o funcionamento do gerador”, indica. “Temos que resguardar os interesses dos nossos condomínios mantendo os geradores com a manutenção em dia e abastecidos nesta época do ano até o máximo permitido”, reforça o síndico profissional Sylvio Levy.

 

 

 

Sylvio Levy aconselha
posicionar blocos autônomos
no modo econômico para a
iluminação durar mais tempo

Sylvio compartilha uma experiência de novembro de 2023, quando um condomínio que ele administra na Vila Nova Conceição ficou seis dias sem energia elétrica. “Aprendi que deveria ter recorrido imediatamente à assessoria jurídica do condomínio para notificar a concessionária, a Enel, bem como a Aneel, que é o órgão regulador do setor nacional de energia. Esperei até o quinto dia para fazer isso, e no dia seguinte, às seis horas da manhã, veio o funcionário da concessionária. Ele não levou dez minutos para reparar o problema que havia deixado o condomínio seis dias sem energia. Não temos que ficar esperando passar dois, três dias. Passou do normal, vale envolver o jurídico para que você seja atendido com maior brevidade possível”.

Quanto aos blocos autônomos, ou luminárias de emergência, devem estar capacitados para entrar em cena assim que necessário. “São diversos condomínios que eu visito na cidade para apresentar proposta de sindicatura profissional e ao descer a escadaria com o zelador, vou testando os blocos autônomos e muitos não funcionam”, relata. Sylvio esclarece que blocos autônomos têm duas posições de uso, e que uma delas é a mais acertada em face dos desdobramentos climáticos atuais. “A posição econômica mantém uma lâmpada acessa por oito horas, enquanto a menos econômica mantém duas lâmpadas acessas, com maior iluminação, por quatro ou cinco horas.  A minha sugestão é deixar o bloco autônomo posicionado no modo econômico, pois o mais importante é termos iluminação por um período maior, e uma lâmpada acesa é suficiente para áreas comuns”, aconselha.

Mais uma recomendação de Sylvio refere-se à segurança contra invasões. “Independentemente de haver ou não gerador, é importante que o condomínio possua blocos autônomos, nobreak e lanternas carregados nas guaritas”, fala Sylvio Levy. Em edifícios sem gerador e com fechadura eletromagnética no acesso de pedestres, há riscos de em algum momento a bateria do dispositivo acabar e o portão ficar aberto. O gestor orienta mantê-lo trancado com corrente e cadeado. “Obviamente teremos que ter alguém para abrir e fechar esse cadeado no período sem energia, mas pelo menos o acesso fica resguardado.”

Matéria publicada na edição-309-mar/25 da Revista Direcional Condomínios

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